quarta-feira, 29 de junho de 2011

A História que está na moda: divulgação científica, ensino de História e internet

Keila Grinberg, professora de história da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), discute divulgação científica, ensino de história e internet em artigo exclusivo para o Café História

Por Keila Grinberg
O advento da internet trouxe novas questões para a produção do conhecimento. Já chamada de “o quadro negro do futuro”, antes do entretenimento online e do e-commerce, ao surgir a internet foi imediatamente atrelada a possibilidades de renovação de métodos de ensino (1), mesmo que o mundo dos negócios tenha avançado bem mais rápido no uso da rede do que o da educação. De qualquer forma, aliar os avanços tecnológicos e da comunicação a novas formas de educar já seduzia professores e universidades desde pelo menos a década de 1960, com a criação das primeiras Universidades Abertas na Europa, dedicadas ao ensino à distância, mais ou menos na mesma época que a linguagem da educação em massa começava a mudar, e a ênfase na palavra “aprendizado” ganhava espaço em relação à quase démodé “ensino”.

Mas o espaço que as chamadas novas tecnologias ganharam no campo da reflexão em Educação não encontrou correspondente similar na área de História. Para além da utilização do computador como ferramenta para construção de bancos de dados, principalmente por especialistas em história econômica, quantitativa ou demográfica – procedimento feito desde a década de 1960 – até recentemente foram poucos os historiadores que se dedicaram a refletir sobre as mudanças que a rede mundial de computadores traria à pesquisa, à produção e à divulgação do conhecimento em História (2).

Como bem notou Camila Dantas, os primeiros historiadores a chegarem na internet foram os amadores, seguidos por centros universitários e instituições de memória. Atualmente, projetos de divulgação científica em História na internet, a maioria localizada nos Estados Unidos, estão mesclados a reflexões mais amplas sobre os documentos produzidos em meio digital e as novas formas de realização de pesquisa acadêmica, como o projeto Digital History, desenvolvido por Daniel J. Cohen e Roy Rosenzweig na George Mason University (3).

Hoje, a maioria das atividades de historiadores na internet é relativa à digitalização de documentos e de acervos de instituições, tanto para preservá-los quanto para torná-los acessíveis a pesquisadores e interessados que dificilmente a eles teriam acesso. No Brasil, além de instituições como a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional, fundamentais na discussão pública sobre a digitalização de acervos, são importantíssimas as iniciativas de grupos de pesquisa, que vêm elaborando projetos de digitalização e disponibilização online de documentos de outro modo praticamente inacessíveis ao pesquisador.

Estes avanços na disponibilização e tratamento com fontes históricas nos coloca diante de novas e complexas questões: por exemplo, a de como preservar os documentos já criados em formato digital. Este e outros desafios certamente acompanharão o trabalho dos historiadores do futuro.

Assim, creio estarmos diante de vários desafios relativos à História, à internet e à divulgação do conhecimento científico. O primeiro é o enunciado anteriormente, que mobiliza, além de historiadores, arquivistas e cientistas da informação: o desafio da preservação da documentação, produzida em vários suportes, inclusive a própria internet.

Uma história pública?

Outro desafio é a reflexão sobre a forma como o público em geral tem dialogado com os sites que disponibilizam documentos históricos, como processos criminais, registros de batismo, fotografias, relatórios oficiais etc. Hoje é muito mais fácil, para estudantes e interessados em geral, obter informações retiradas das próprias fontes históricas, coisa que anteriormente apenas os historiadores que sabiam localizá-los no mundo real o faziam.

Neste sentido, a maior facilidade em consultar documentos de épocas e locais variados significa uma maior divulgação do conhecimento histórico? Por conta da internet, estaríamos mais perto de uma História Pública, no sentido atribuído ao termo pelo National Council on Public History, qual seja, o de tornar a História, seus procedimentos metodológicos e suas referências, mais acessíveis ao grande público?

Acredito que não. Sendo um pouco pessimista, talvez um dos efeitos de tanta facilidade de acesso, neste caso principalmente a textos, possa até ter sido o contrário: apesar de não termos estatísticas ainda a respeito, é flagrante o aumento de plágios em trabalhos acadêmicos, e não há professor universitário que não tenha uma história triste para contar da ocasião em que se sentiu um policial, procurando crimes de autoria no Google (4).

Talvez aí esteja a maior dificuldade, e ao mesmo tempo o maior desafio, que une tanto o ensino de História quanto a divulgação científica na internet. Ao invés de apenas combater o plágio – que já existia mesmo antes de serem criados os mecanismos de busca, pasmem – trata-se de evidenciar, através da internet, o processo de produção do conhecimento, a começar pela própria noção de autoria, tão discutida no âmbito da criação artística. Afinal, a acessibilidade a textos e documentos proporcionada pela rede mundial de computadores, para ser bem usada, requer conhecimentos prévios sobre confiabilidade e relevância das informações a ser obtidas na internet. Sem elas, o leitor – ou o usuário do sistema – não consegue avançar na leitura e na produção de texto (de qualquer texto, de uma tese a um comentário em um blog).

Como fazer isso? Um caminho possível é criar mecanismos que permitam ao usuário – leitor, estudante, qualquer que seja seu login – conhecer as etapas do processo de produção do conhecimento em História. Assim, saber ler documentos de época, contextualizá-los, criticá-los, cotejar as informações obtidas com outros documentos e com outros textos, verificar a procedência de informações obtidas nestes textos são alguns dos procedimentos que ajudam as pessoas a observar, analisar e classificar informações de qualquer natureza. No caso das informações de natureza histórica, isto é fundamental, tanto para os estudantes de História, quanto para os interessados no assunto.

Refletir sobre o processo de produção do conhecimento histórico talvez não seja o objetivo inicial das pessoas interessadas em História – público potencial das ações de divulgação científica – que buscam a internet como forma de aprimorar seus conhecimentos. Mas talvez esta seja uma surpresa que os historiadores podem reservar a seus leitores: além de divulgar o conhecimento produzido nas universidades, divulgar também seu processo de produção. E a internet, para isso, é um meio extraordinário. Quem sabe se, agindo desta maneira, conseguiremos começar a superar o paradoxo de lidar com uma História ao mesmo tempo tão desestimulante na escola e tão interessante na mídia?

Keila Grinberg - nasceu no Rio de Janeiro em 1971. Graduou-se em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF), na qual concluiu também o doutorado em 2000, após um período como estudante visitante na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Em 2002, tornou-se professora do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e, desde 2004, é pesquisadora do CNPq.

Hoje, 11 livros e vários artigos e capítulos depois, a colunista continua a estudar a escravidão no Brasil do século 19, mas se dedica também à divulgação científica na área de história e ao desenvolvimento de novas metodologias para incrementar o ensino dessa disciplina nas escolas e universidades. É colunista titular da coluna “Em tempo”, da revista Ciência Hoje Online. Envie críticas, comentários e sugestões para keila@pobox.com

História do Pós-Abolição

A Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) convida os historiadores especialistas no tema da abolição para participarem do Seminário Internacional "História do Pós-Abolição no Mundo Atlântico". O evento acontecerá nos dis 14,15 e 16 de maio de 2012. Para os interessados em enviar trabalhos, o prazo para submissão das proposta vai até o dia 28 de agosto de 2011. Os trabalhos também podem incluir análises do período anterior à abolição, desde que a questão principal seja o pós-abolição. Até o momento estão confirmados no evento: George Reid Andrews (EUA) Myriam Cottias (França) Kim D. Butler (EUA) e Lea Geler (Argentina).Para maiores informações, clique aqui.

Proclamada no Twitter a Revolução Farroupilha



Jornal de Santa Catarina leva a Revolução Farroupilha para a rede social Twitter e mostra que a divulgação da história pode ser uma aventura muito divertida

O Diário Catarinense encontrou uma forma tão inusitada quanto interessante na maneira de contar a história da Revolução Farroupilha (1835-1845): as mensagens de 140 caracteres da rede social Twitter. Isso mesmo. O jornal de Santa Catarina está contando a história de um dos eventos mais marcantes do século XIX, no Brasil, através dos famosos tuites, como são chamadas as mensagens telegráficas de uma das redes sociais que mais cresce na internet. E o mais interessante: quem conta essa história são os próprios personagens históricos, de Anita Garibaldi a Antônio Netto.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tradição em ciranda

Fruto da dissertação de mestrado em Sociologia da pesquisadora Danielle Maia Cruz, o livro "Maracatus no Ceará" debate não só a força social e política desta tradição na difusão da negritude, mas também seu dinamismo, que se modifica pelas mãos de novas gerações. O obra será lançada amanhã, às 19 horas, no Mauc

E há quem diga que o Ceará não tem carnaval. Para esses, o Maracatu grita: e nós, que nos preparamos o ano inteiro para fazê-lo? Há ainda quem diga que no Ceará não tem negros. Para esses é que o Maracatu se pinta, revelando a negritude cearense. O negrume, as loas, e até mesmo o menor dos adereços do Maracatu está repleto de representações, e sobre elas escreve a mestre em sociologia Danielle Maia Cruz. Ela lança, amanhã "Maracatus no Ceará: Sentidos e Significados", às 19 horas, , no Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará (Mauc).De 2006 a 2008, Danielle estudou o maracatu Nação Iracema, do bairro Jardim Iracema, periferia de Fortaleza. Segundo ela, para além do entretenimento, a tradição é "uma ferramenta de visibilidade social e política para a comunidade".Diante da diversidade do tema, Danielle precisou expandir o estudo de seu objeto, investigando, ainda, sua história. Para tanto, visitou outros grupos cearenses e viajou inclusive para Recife, em Pernambuco."Muitos diziam que nosso maracatu teria vindo de lá, junto com Boca Aberta, fundador do Às de Ouro. O que se pode dizer é que há muitas explicações para essa origem, não apenas a do Recife", defende Danielle. Além da gênese da tradição, a pesquisadora se preocupou em iniciar uma discussão acerca do dinamismo do maracatu, que se vai reinventando com os anos.A respeito disso, ela cita, a aceleração da cadência das loas, por alguns grupos, e um costume adotado, por exemplo, pelo Maracatu Solar, que ao invés do negrume para os rostos, adota ainda o branco e o amarelo.Danielle, que já cursa o doutorado na UFC, mantém o foco na tradição dos carnavais. "Dois anos é pouco para a diversidade de possibilidades que o maracatu nos oferece", defende. Durante o lançamento, o Nação Iracema se apresenta no Mauc.Carnaval e negritude
Maracatus no Ceará: Sentidos e Significados 


Danielle Maia Cruz Edições UFC 2011350 páginas R$ 25
O lançamento ocorre dia 15, às 19h, no Museu de Artes da UFC ( Av. da Universidade, 2854). Contato: (85) 3366.7481

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Centenário de Maria Bonita

Maria Gomes de Oliveira foi uma mulher polêmica. De temperamento forte, foi pioneira no seu métier. Isso lhe trouxe fama e uma série de histórias controversas, além de um apelido que assustava as pessoas: Maria Bonita. Neste ano, a mulher de Lampião teria completado cem anos, se viva, no dia da mulher, 8 de março. Aproveitando a data, João de Sousa Lima, pesquisador do cangaço, já organizou um evento sobre a primeira mulher a ser cangaceira, e agora lança a segunda edição de seu “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço”. Para ler a notícia completa, publicada pela Revista de História da Biblioteca Nacional clique aqui.

FONTE:http://cafehistoria.ning.com/

SAMU INFORMA: UTILIDADE PÚBLICA IMPORTANTE

As ambulâncias e emergências médicas perceberam que muitas vezes nos acidentes da estrada os feridos têm um celular consigo. No entanto, na hora de intervir com estas vítimas, não sabem qual a pessoa a contatar na longa lista de telefones existentes no celular do acidentado. 

Para tal, o SAMU lança a idéia de que todas as pessoas acrescentem na sua longa lista de contatos o NUMERO DA PESSOA a contatar em caso de emergência. Tal deverá ser feito da seguinte forma: 'AA Emergencia' (as letras AA são para que apareça sempre este contato em primeiro lugar na lista de contatos). 

É simples, não custa nada e pode ajudar muito ao SAMU ou quem nos acuda. Se lhe parecer correta a proposta que lhe fazemos, passe esta mensagem a todos os seus amigos, familiares e conhecidos. 

É tão-somente mais um dado que registramos no nosso celular e que pode ser a nossa salvação. Por favor, não destrua esta mensagem! Reenvie-o a quem possa dar-lhe uma boa utilidade. 

JOSIANE TROCATTI 
Coordenadora Administrativa 
SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência


terça-feira, 7 de junho de 2011

Bullying: problema real

Encarado como um problema grave e universal, o bullying começa a se transformar também em um objeto de um número cada vez maior de estudos e pesquisas. Confira nossa nova matéria e participe dos debates na rede!

Recentemente, o termo inglês "bullying" foi incorporado com sucesso ao vocabulário de professores, coordenadores pedagógicos e estudantes de todo o Brasil. O conceito, derivado da palavra “bully” (valentão, em português), pode ser definido como qualquer atitude agressiva (física ou emocional) exercida por um ou mais indivíduos, tendo como finalidade a intimidação, humilhação ou agressão da vítima. O assunto, no entanto, embora incorporado à agenda pedagógica brasileira, está longe de ser conhecido em suas especificidades. Por muito tempo, a prática do “bullying” foi subestimada ou mesmo ignorada por professores, pais e especialistas em educação. Esse cenário só mudou nos últimos anos, quando pesquisadores e os meios e comunicação passaram a publicar estudos que mostravam que esse tipo de violência é muito mais antiga, universal e danosa do que se imaginava.

SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA

  SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...